Voar sem asas.

Voar sem asas.
Assim como eu, você também pode voar sem asas.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Qual é a sua maratona ?

Quando falamos em perseverança para atingir resultados, via de regra nos referimos a metas difíceis de se alcançar.

Às vezes, nos colocamos diante de desafios que parecem intransponíveis e por maiores que possam parecer as recompensas, acabamos desistindo por acharmos que aquilo está além das nossas possibilidades.

Eu sempre achei que este negócio de correr uma maratona era coisa de maluco. Como eu gosto de corrida de fundo, os 15 Km da São Silvestre que, depois de algum treino, eu venho completando há mais de dez anos, já estavam de excelente tamanho pra mim. Sempre que eu ouvia o depoimento de um amigo que tinha completado os 42 Km da maratona, eu achava que isto não era coisa para um cara "normal", como eu, fazer. Depois de ouvir tanto sofrimento para superar os próprios limites eu pensava : não vale a pena, dose pra leão, coisa de doido !!! Ainda mais agora que eu já estou com 46 anos (naquela época). Apesar deste sentimento, eu sempre nutria uma idéia de que uma pessoa que completa uma maratona deveria terminar com a sensação que seria capaz de vencer qualquer dificuldade na vida.

Até que um dia, um amigo que completou a maratona de Nova York me colocou na cabeça que valia a pena um projeto como este para exercitar a disciplina, a perseverança, o companheirismo nas inúmeras horas de treino com os amigos, e para vivenciar o que significa na prática a vitória da mente sobre o corpo.

A minha provação foi na maratona de São Paulo de 2004. Depois de um ano de treinos leves durante a semana e puxados nos sábados, eu participei da minha primeira maratona, a décima da cidade de São Paulo. Cheguei a correr 20 Km várias vezes, corri 35 Km uma vez e no feriado de 21 de Abril, fiz 37 Km e terminei o treino muito cansado, com dores no corpo mas com a impressão que dava pra correr mais 5 Km. Achei, portanto, que já estava pronto para completar uma maratona.

Para mim, durante a prova, a experiência do exercício físico com o cansaço normal de qualquer esforço prolongado, da endorfina liberada no organismo que, por incrível que pareça, nos dá uma sensação de prazer, ocorreu justamente até pouco depois do Km 37. Daí pra frente a minha experiência foi transcendental : No Km 38 os músculos das minhas coxas travaram simultaneamente. Ficaram duros como uma rocha. Foi aí que eu apelei para Deus em oração e pedi para que Ele não me deixasse terminar a prova ali, depois de um ano de luta.

Tentei correr alongando os músculos, levantando os calcanhares até quase a altura das nádegas. Para minha alegria, os músculos voltaram ao estado normal imediatamente. No Km 39, já com dores em todo o corpo, inclusive em músculos que eu nem sabia que existiam, eu preguei e pensei em começar a andar ao invés de continuar correndo. Mas novamente, eu pedi pra Deus me levar até o final porque eu não queria terminar andando depois de um ano inteiro de treinamento. Cheguei até o Km 40 onde tinha mais um posto de água e uma cabine de banheiro. Parei 2 minutos pra fazer xixi e tomar um copo de água, sem estar correndo, pela segunda vez na prova (a primeira foi no Km 17 onde ficavam as primeiras cabines de banheiros). Só que desta vez, quando eu parei dentro da cabine, tive a sensação que todo o sangue do meu corpo tinha subido para a cabeça. Comecei a ficar meio tonto mas balancei a cabeça, terminei de fazer xixi e segui em frente. Logo que recomecei a correr perdi um pouco a direção, corri meio torto por alguns metros mas logo em seguida voltei a correr em linha reta.

Até chegar no Km 41, já sem conseguir raciocinar normalmente, comecei a pensar o seguinte : mas por que 42 KM e não 40 exatos ? Por que estes dois malditos quilômetros a mais ? Quando chega nesta fase do projeto você não quer desistir mas quer que acabe imediatamente. É interessante como a gente aprende numa prova de fundo como esta. Do Km 41 até o final da prova eu não sei como continuei correndo. Só sei que cheguei e ainda estou vivo.

CONCLUSÃO : Por mais impossível que pareça a realização de um projeto ou desafio para pessoas normais como nós (se bem que se olharmos de perto, bem de perto, ninguém é normal), com disciplina, perseverança e, principalmente, fé em Deus, nós podemos chegar lá. Por que principalmente fé em Deus ? Porque naqueles momentos da nossa vida, nos quais nos sentimos vencidos pelo cansaço ou pelas circunstâncias e que não podemos continuar lutando com as nossas próprias forças, estamos prontos para o poder de Deus fazer-nos seguir em frente.

E para terminar este capítulo, quero reproduzir uma frase que o meu amigo leu no central park, na fase final da maratona de Nova York : "A dor é temporária mas a glória é para sempre".

Trecho do meu livro publicado em :

http://www.clubedeautores.com.br/book/11908--Mude_seu_relacionamento_com_os_computadores_e_livrese_das_neuroses

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